Dia internacional da educação: Desafios, caminhos e oportunidades

Neste dia, 24 de janeiro, as Nações Unidas (ONU) marcam o Dia Internacional da Educação. Em mensagem, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, pede que a instrução seja vista como um bem público e uma prioridade política para a recuperação na sequência da crise global de saúde.

Confira o Pronunciamento do Secretário-geral da ONU

Estima-se que 258 milhões de jovens em todo o mundo não tenham a oportunidade de ingressar ou concluir a escola. Outros 617 milhões não sabem ler e fazer cálculos básicos. Sem contar os diversos desafios, seja na infraestrutura, na formação dos profissionais de educação, nas diferentes realidades socioculturais, inovar na educação é de suma importância. Sem educação não haverá outras inovações no futuro, sendo a base para o desenvolvimento humano e para a ciência.

Sabendo da importância desse dia, o programa Centelha convidou algumas empresas que foram aprovadas em sua primeira edição para entender melhor os desafios da inovação no setor e sobre o futuro da educação!

Participaram dessa conversa:

Sapientia (PB), um aplicativo gratuito de monitoramento do desempenho qualitativo que se utiliza de elementos de gamificação para engajar os alunos;

Ludbel Educar (AP), que disponibiliza ferramentas que exploram a área de ciências da natureza de forma dinâmica e mais consistente na educação básica;

Lume Studio Design (AM), que desenvolveram a ferramenta Cards Mágicos abcD+, para auxiliar na alfabetização de crianças de 5 a 7 anos; e

Cuboteca (SC), um ambiente de simulação imersivo e interativo para letramento de crianças surdas usando realidade virtual e dispositivos de interfaces naturais.

 

Panorama da educação

 

“Estamos vivendo um momento difícil, em que muitos alunos passaram meses sem contato com as atividades escolares. Notícias nos mostram que nosso país está entre a minoria do mundo, que não aumentaram os recurso em educação durante a pandemia. Precisamos, urgentemente, reverter esse quadro, para que as crianças tenham acesso a novas ferramentas tecnológicas de auxílio a alfabetização e ao letramento.”

(Lume Design)

 

Pelos dados do relatório Education Policy Outlook Brasil, elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), foi identificado a presença de professores altamente qualificados e engajados como algo imprescindível para a melhora dos indicadores educacionais. Para os países da OCDE, essas iniciativas são capazes de tornar a carreira docente mais atrativa e de melhorar as qualificações e oportunidades para desenvolvimento desses profissionais. A análise comparativa internacional mostra que no Brasil o desafio é ainda maior uma vez que, segundo dados de 2018 examinados pelo estudo, apenas 43% dos professores dos anos finais do ensino fundamental no Brasil tinham contratos de tempo integral e 20% trabalhavam em várias escolas.

Segundo Dados recentes do relatório do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), cerca de 30% dos alunos menos favorecidos no Brasil, bem como aqueles que frequentam escolas rurais, relataram ter acesso a um computador em casa para os trabalhos escolares. Esse número entre os alunos favorecidos ou que frequentam escolas particulares é de 90%. Já se percebe aqui um dos maiores desafio da inovação no setor.

 

“A boa notícia é que nesse mesmo período o mundo digital entrou finalmente nas escolas, que os professores passaram a buscar novas formas de ensinar, novas metodologias e ferramentas e também podemos ver um movimento global de editechs preocupadas em sanar essa situação lastimável. Nesse sentido, o choque que sofremos foi enorme, porém, a força empregada para ajustar as coisas é muito maior, no sentido que os efeitos da pandemia irão passar, enquanto as soluções que surgiram e surgirão a partir de então permanecerão além dela. Temos muito trabalho para equilibrar as coisas, mas com certeza elas serão equilibradas com soluções que tornarão a educação muito mais inclusiva e próxima da realidade do jovem do século XXI.”

(Sapientia)

 

Identificando problemas

 

Nesse cenário, as empresas foram capazes de identificar problemas, para atuar, buscar soluções e inovar no setor.

O pessoal da Ludbel Educar, por exemplo, identificou uma oportunidade de inovação no sistema educacional brasileiro.

Equipe Ludbel Educar

“A Educação Proposta na LDB de 96 discorre sobre o principal objetivo da educação que é garantir meios para que a população consiga o pleno exercício de sua cidadania. A educação básica deve direcionar a atuação cidadã, mas não é difícil perceber a dispersão dos estudantes, que muitas vezes saem das escolas sem o menor discernimento sobre o mundo. Os estudantes não conseguem perceber relações claras entre as temáticas vistas em aula com a própria vida, isso se deve a diversos fatores e entre eles estão a falta de ferramentas adequadas para se atingir efetivamente educando e educador no processo de se apaixonar por aprender e a ensinar.”

 

Os profissionais do Sapientia encontraram no processo de avaliação um problema e uma solução.

Equipe Sapientia

Para a gente, identificar o problema de se realizar uma avaliação processual efetiva se deu na prática de sala de aula. O criador da plataforma é professor de uma escola integral da rede pública da Paraíba, e, assim que houve a mudança para o formato de escola integral, surgiram novas demandas que as avaliações tradicionais não resolviam. Como avaliar uma eletiva? Ou projeto de vida? Estudo Orientado? Soma-se a isso uma discussão já bastante antiga levantada pelos teóricos que discutem avaliação processual. Pedro Demo, Libâneo, Luckesi, entre outros, sempre falaram da necessidade de ser efetuada uma avaliação processual individualizada dos estudantes. O grande desafio consistia na realidade da maioria dos professores do Brasil: sobrecarga de turmas e de alunos para conseguir monitorar e avaliar. Era a situação enfrentada pelo criador do Sapientia, além das novas demandas do formato integral., foi a partir dessas dores que ele, junto a outro sócio, decidiu criar uma plataforma gamificada de avaliação processual. O elemento de gamificação veio suprir a falta de engajamento dos estudantes, muitas vezes cansados e desmotivados. A junção das duas coisas resolveu tanto o problema do professor em relação a capacidade de avaliar de forma processual uma quantidade grande de turmas e alunos, como também possibilitou o engajamento dos jovens nas aulas.

 

A Lume Design e a Cuboteca foram ideias que sugiram através da pesquisa cientifica.

 

Equipe Lume Studio Design

O problema foi identificado por meio de pesquisa científica que iniciou no Mestrado de Design de Inovação e agora continua com o Doutorado em Tecnologia Educacional. Onde, de acordo com pesquisas recentes (OCDE, 2018) do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes – PISA, demonstra que o desempenho dos brasileiros em literatura, não mudou muito desde 2019. E 50% dos alunos, chegam aos 15 anos sem as competências mínimas de interpretação de texto.

(Lume Design)

 

“Primeiramente da pesquisa cientifica que nós desenvolvemos na Universidade do Vale do Itajaí surgiu a ideia do negócio que foi a Cuboteca: letramento de crianças surdas, que é um ambiente de simulação baseado em realidade virtual com interface natural, é baseado em dispositivos que capturam o movimento das mãos.”

(Cuboteca)

Mudando a mentalidade para inovar

 

Ao inovar um processo ou um serviço, muitas vezes, velhos métodos e costumes permanecem, criando barreiras a grandes transformações, simplesmente pelo medo de sair da zona de conforto. Na educação não é diferente! A inovação, principalmente em escolas de zona rural e das periferias dos grandes centros, pode não ser vista a partir de todo seu potencial. Mas, como mudar esse Mindset (mentalidade) rumo à inovação?

 

Acho que a grande mudança de mindset que leva à inovação, é aceitar que não temos respostas para tudo. Pois, a grande questão da inovação é experimentar. Se estivermos dispostos a tentar, as chances de inovar com certeza aumentam.

(Lume Design)

Yuval Harari, em 21 lições para o século XXI, já nos alerta que devemos nos habituar com mudanças. Ele fala que dificilmente teremos, nessa geração, uma pessoa que entre em uma profissão e vá até o final da vida nesta mesma profissão, como era bem comum nas gerações anteriores. Isso porque o mercado está cada vez mais dinâmico, as profissões estão em constante transformações e as pessoas também. Ele diz que em breve empregos que hoje empregam bastante pessoas, como atendentes de telemarketing, por exemplo, em poucos anos não existirão mais, pois uma única inteligência artificial dará conta do serviço. Essa realidade não está tão distante, os atendentes virtuais estão cada vez mais presentes nas experiências do usuário junto a uma empresa. Então, é preciso ter essa abertura de mentalidade, essa capacidade de renovação. É uma exigência do contexto histórico e quem não entender muito bem isso, poderá ser engolido pelo movimento. Estar atento, aberto e otimista é sempre algo necessário para o empreendedor dos dias atuais.

(Sapientia)

 

Como é inovar na educação?

 

As empresas entrevistadas responderam: Como está sendo sua jornada na inovação no campo da educação?

 

“Desafiadora e gratificante. Desenvolvemos ferramentas educacionais que promovem o engajamento do professor e alunos em sala de aula, que aproximam alunos do educador e estimulam educando em seu despertar para o conhecimento com propósito cidadão. Nosso primeiro produto educacional é um jogo que foi desenvolvido em sala de aula, ouvindo a geração Z. O jogo foi usado em turmas do ensino fundamental e médio na cidade de Macapá desde 2018. Com o apoio do centelha nosso produto adquiriu maturidade e hoje pode ser encontrado em São Paulo e Minas Gerais também. É um desafio trabalhar por uma educação significativa, mas muito gratificante observar as fronteiras que estamos atravessando nos últimos meses.

(Ludbel Educar)

“Não tem como responder essa questão sem lembrar como foi a jornada da equipe no desenvolvimento do conhecimento que permitiu hoje a gente tocar a Xr,  desenvolvendo produtos. Cada produto que a gente desenvolve e vemos um jovem utilizandoum jovem utilizando…e ele está produzindo um aprendizado, isso é a nossa maior motivação. Todo aquele conhecimento que a gente conseguiu desenvolver ao longo dos anos foi transformado num produto e esse produto foi pra um jovem em questão e ele aprendeu algo com aquilo, então não vejo como desfocar a inovação da educação sem você proporcionar para alguém um aprendizado baseado numa ferramenta qualquer, tanto analógica quanto digital, baseado no conhecimento que você desenvolveu ao longo dos anos, então aquilo que você recebeu você está depositando naquele produto e ele está ajudando alguém…”

(Cuboteca)

  

E o futuro como fica?

 

Pensar no futuro é essencial para inovar. As empresas convidadas responderam qual é a visão sobre o futuro da educação.

 

Creio que o a tecnologia exercerá um papel ainda mais fundamental na educação nos próximos anos e que a maior prioridade deverá ser a recuperação do tempo perdido.

(Lume Design)

 

A educação é a arma mais poderosa para quem nasceu sem condições, é ela quem permite que a pessoa saia de uma condição de vulnerabilidade para outra condição mais acolhedora. Somente através da educação será possível atingir uma sociedade mais empática, tolerante, que respeite as diversidades, que entenda os mecanismos de poder e que consiga desconstruir estruturas seculares de exploração, racismo, intolerância religiosa e o machismo. […] Por fim, a educação também é quem vai permitir que nos orientemos em relação aos problemas climáticos que estão gritando aos nossos olhos, mas que insistimos em não enxergar. Conhecer outras formas de organização social, como os povos originários da América, por exemplo, é entender que a maneira como vivemos não é a única possível. A educação para os próximos anos precisa levar em consideração todos esses fatores, a defesa do conhecimento e da ciência, o reconhecimento de fake news, o aumento das desigualdades e todas as questões ambientais. Ela deve ter um olhar mais cuidadoso com as diversidades e fazer do paradigma indígena o paradigma do século XXI, caso contrário, não teremos século XXII para contar história.

(Sapientia)

A educação transforma a vida das pessoas. Se você tem uma ideia que pode revolucionar esse campo, não perca a chance de inovar com o Programa Centelha e venha transformar a sua ideia em um negócio de sucesso!

 

Confira os editais abertos em: programacentelha.com.br

 

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